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SRPV-SP se transforma em CRCEA-SE: mais segurança e fluidez no Tráfego Aéreo do eixo Rio-São Paulo

Por Coronel Aviador Chrystian Alex Scherk Ciccacio

Com a visão prospectiva do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), e alinhado com a política estratégica da Força Aérea Brasileira (FAB), o Ex-Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez aprovou a transformação do Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) em Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE), homologando assim a nova estrutura desta emblemática organização do COMAER, promovendo a atualização administrativa, técnica e operacional decorrente dos 74 anos de atuação no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

A Portaria nº 60/GC3, de 17 de março de 2021, passou a vigorar a partir de 01 de abril de 2021, e é um marco na história da Organização, que passou a ter um nome que corresponde diretamente com a sua atual missão.


Quando fazemos uma retrospectiva histórica, verificamos que nos idos de 1947 houve a criação do Serviço de Rotas da 4ª Zona Aérea, atividade pioneira para a época, onde o espírito empreendedor e a abnegação daqueles que nos antecederam foram determinantes para que o projeto alcançasse os objetivos propostos, abrindo o caminho para o futuro, passando pelas designações Divisão de Proteção ao Voo (DPV-4) e Serviço Regional de Eletrônica e Proteção ao Voo (SRPV-4), para finalmente aportarmos, em 1976, na última designação SRPV-SP.


O intervalo temporal entre os eventos ainda foi marcado por significativas mudanças organizacionais em todos os níveis do Sistema, como o advento do Departamento de Controle e Espaço Aéreo (DECEA), em 2001, a extinção do Sistema de Proteção ao Voo (SPV), o qual foi substituído pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), além da incorporação da área do Rio de Janeiro em 2005 ao SRPV-SP, o que concentrou as duas maiores terminais aéreas do Brasil em um único Órgão Regional do DECEA, que abarcou aproximadamente 37% do volume de tráfego aéreo da Circulação Aérea Geral (CAG) em apenas 0,4% do Espaço Aéreo Brasileiro.


Esse legado do SRPV-SP foi a base para o emprego de novos protocolos que proporcionassem à dinâmica operacional, a otimização e a segurança necessárias para a manutenção da operação. Nesta linha, em 2019 foi inaugurado o Centro de Operações (COP), integrado à Divisão de Operações (DO), órgão que têm o escopo de atender as premissas do gerenciamento de tráfego aéreo, por meio de um modelo mais robusto, e focado nas atividades do Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), que antes era gerenciado pelo Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de São Paulo (DTCEA-SP), que também coordenava a Torre de Controle de São Paulo (TWR-SP).


A concepção estratégica do COP trouxe mais foco no APP-SP inicialmente e permeia os projetos futuros programados na Diretriz da Força Aérea Brasileira, a qual contempla a criação do Controle de Aproximação Sudeste (APP-SE), em Guaratinguetá, modelo semelhante ao Consolidated Terminal Radar Approach Control (TRACON), em português, Controle de Aproximação Radar Consolidado, extensamente utilizado com sucesso nos Estados Unidos da América.


Operacionalmente, o CRCEASE tem a maior quantidade de movimentos aéreos em comparação com os Centros de Controle de Área (ACC) dos demais Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), demonstrando a amplitude da atuação deste Regional no cenário nacional.


Com a criação do COP e com o êxito dos resultados apresentados frente ao novo modelo, o DECEA constatou que o nome SRPV-SP não representava mais a essência de sua atividade, sendo primordial passar por um processo de atualização na nomenclatura, uma vez que o tempo trouxe a ampliação das responsabilidades atribuídas, além de um novo desenho operacional decorrente da nova área de jurisdição delegada (Rio de Janeiro).


Verifica-se que a mudança mostrou a preocupação do Comando da Aeronáutica com a importante região econômica do país, pois foi enrobustecido o modelo de gestão e, além disso, foram gerados novos projetos de melhoria, como a Terminal São Paulo Neo e também o APP Sudeste, que serão importantes marcos na evolução do Tráfego Aéreo do Brasil.

Não obstante, a reformulação do SRPV-SP permitiu à Organização uma certa equiparação de suas atividades com os demais Regionais, os CINDACTA, bem como regularização de sua área de jurisdição e também da atualização para o SISCEAB, com a supressão do termo “Proteção ao Voo” constante em sua antiga descrição heráldica.


Na esteira deste processo de transformação, os desafios impostos ao CRCEA-SE assumem uma nova perspectiva, uma vez que com o crescimento das aeronaves remotamente pilotadas, os drones e os futuros eVTOL (electric vertical take-off and land vehicle), os veículos aéreos elétricos para o transporte de pessoas, trarão a disruptura ao transporte aéreo urbano das grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.


Integrado a essas variáveis, a nova Organização que ora se apresenta, além da identidade forjada em sua respeitável história, traz em sua linhagem a excelência do serviço de Controle do Espaço Aéreo prestado à Sociedade Brasileira, ensejando novas perspectivas e dando amplitude a um modelo forte, moderno e voltado para o atendimento dos desafios futuros, com robustez e segurança.


Por fim, enalteço a satisfação de todos do efetivo do CRCEA-SE pela mudança e ratifico que as melhorias na gestão da área mais complexa de tráfego aéreo da América Latina terão reflexos em termos de pontualidade e economia de combustível para a maioria dos voos do Brasil, devido a sete dos onze maiores aeroportos do país se encontrarem no eixo Rio-São Paulo.


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Sobre o Autor


Coronel Aviador Chrystian Alex Scherk Ciccacio é Chefe do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE), antigo SRPV-SP, responsável pela área mais complexa de circulação aérea da América Latina. Ocupou também os cargos de Chefe da Divisão de Operações do SRPVSP, adjunto ao Chefe da Divisão de Operações do SRPV-SP, Chefe da Área de Segurança/SGSO no SRPV-SP, Piloto de Transporte Presidencial, Piloto de Transporte dos Ministros e Piloto de Transporte no Quarto Esquadrão de Transporte Aéreo - ETA 4.

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Texto originalmente publicado no ASAGOL Safety News 12. Para ler a edição completa clique aqui.

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