A retração econômica provocada pela pandemia de Coronavírus trouxe a necessidade das relações de trabalho se adequarem, em muitos casos, à nova realidade vivida pelo setor da aviação.
Desde então, temos visto uma série de acordos coletivos de trabalho que visam resguardar as empresas e também os postos de trabalho dos aeronautas, como o acordado entre a Gol e os seus tripulantes. Porém, nem todas as empresas mundo afora têm se comportado dessa forma.
Segundo um levantamento divulgado pela European Cockpit Association (ECA), entidade que representa os pilotos na União Européia, diversas empresas têm implementado práticas que atentam contra acordos coletivos de trabalho e a segurança de voo.
Tendo em comum o objetivo de reduzir as despesas com mão de obra, companhias aéreas que operam em todo aquele continente vêm fazendo (ou fizeram) pressão sobre seus aeronautas, em atitudes que vão desde obrigar os tripulantes a escolher entre uma redução de salário ou serem demitidos, até a demissão e recontratação sob novas condições de trabalho – incluindo contratos por hora, onde não há salário se não houver horas voadas – poucos meses depois.
As atitudes relatadas pela ECA, que acontecem em locais reconhecidos pela seriedade das leis trabalhistas e a força dos sindicatos, são lamentáveis. Mais do que isso, colocam a segurança e os próprios tripulantes em segundo plano, sob a alegação de necessidade para a manutenção das operações.
O impacto financeiro da pandemia, em especial sobre a aviação, é fato notório. No entanto, o respeito às leis, às boas práticas visando a segurança de voo e, acima de tudo, ao bom relacionamento no ambiente de trabalho, devem imperar.
Quando se trata de relações trabalhistas, nunca é demais ressaltar que ambos os lados estão sendo afetados e devem, como tal, ser capazes de realizar esforços conjuntos para superarem as adversidades.
Tudo dentro da mais estrita legalidade e respeito.
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